Marido preso diz que mulher tirou a própria vida, mas polícia investiga morte como feminicídio no RS
13/10/2025
(Foto: Reprodução) O que é feminicídio?
A Polícia Civil investiga a morte de uma mulher de 27 anos em Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre, como possível caso de feminicídio. O principal suspeito, o marido, que estava no local, afirmou que a vítima teria tirado a própria vida com um único disparo. O corpo foi localizado na noite de domingo (12), no bairro Centro. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados pela polícia.
Segundo a delegada responsável pelo caso, Angélica Giovanella, a cena do crime apresentava sinais de alteração e contradições nos depoimentos colhidos até o momento.
“A Brigada Militar já havia conversado com alguns vizinhos. Não havia histórico de violência doméstica”, diz Angélica.
Em depoimento, o homem de 35 anos admitiu possuir uma arma de fogo irregular em casa, a mesma que, segundo a delegada, pode ter sido usada no disparo fatal.
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Em nota, a defesa do suspeito reafirma "a plena confiança na atuação da Polícia Civil e do Poder Judiciário, certos de que a verdade dos fatos prevalecerá, demonstrando que o investigado jamais praticou qualquer ato de violência, sendo também vítima de uma tragédia irreparável". (leia, abaixo, na íntegra)
A delegada destacou que, apesar da alegação de suicídio, a recusa do suspeito em realizar o exame residuográfico (que poderia indicar se ele disparou a arma) levantou dúvidas.
🔍 O exame residuográfico determina se há presença de pólvora na pele.
"A recusa dele aliada ali à cena mexida, e alguns outros elementos ali, como depoimentos trazidos por algumas testemunhas, confirmaram os elementos necessários para a lavratura do auto de prisão em flagrante", comenta a delegada.
A Polícia Civil aguarda os resultados da perícia, incluindo o exame residuográfico nas mãos da vítima, que poderá confirmar se ela efetuou o disparo. Caso não haja resíduo, segue mantido feminicídio como crime a ser investigado, explica a delegada.
A investigação também irá ouvir novas testemunhas nos próximos dias, incluindo familiares e amigos próximos.
O que diz a defesa do suspeito
"A Defesa vem a público esclarecer, com respeito às autoridades e à imprensa, que o caso noticiado neste início de semana trata-se de uma tragédia familiar, e que as circunstâncias já apuradas apontam para um suicídio, e não para um crime de feminicídio.
Desde o primeiro momento, os policiais militares que atenderam a ocorrência reconheceram o cenário como típico de suicídio, sem sinais de luta, agressão física ou histórico de violência doméstica.
A vítima enfrentava um quadro grave de depressão e já havia tentado tirar a própria vida em outras ocasiões, inclusive com ingestão de medicamentos controlados, tendo sido internada diversas vezes no Hospital São Camilo, em Esteio/RS. Os depoimentos colhidos confirmam esse histórico e mostram que se tratava de um contexto de sofrimento emocional, não de violência.
Após análise do caso, o Delegado de Polícia optou por não representar pela prisão preventiva, reconhecendo que não estavam presentes os requisitos mínimos que a lei exige para a manutenção da prisão. Na audiência de custódia realizada nesta segunda-feira, a Justiça confirmou essa avaliação, entendendo que não havia necessidade de manter a prisão, e concedeu a liberdade ao investigado.
No tocante ao exame residuográfico, será esclarecido que o investigado não se opôs à investigação, mas aguardará a realização das perícias técnicas oficiais, inclusive nas mãos da vítima, as quais serão determinantes para confirmar a versão da defesa.
Por fim, reafirma-se a plena confiança na atuação da Polícia Civil e do Poder Judiciário, certos de que a verdade dos fatos prevalecerá, demonstrando que o investigado jamais praticou qualquer ato de violência, sendo também vítima de uma tragédia irreparável.
A defesa manifesta profundo respeito à memória da vítima, que deixa uma filha de 9 anos, e expressa solidariedade à família neste momento de dor."
Delegacia de Polícia de Esteio
Polícia Civil/Divulgação
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